No Sergipe, novos juízes se algemam durante curso de formação
Professor disse que queria demonstrar aos alunos o que passam os presos; TJ desaprova e pede explicações
Na última semana, em atividade externa do Curso Oficial de Formação Inicial para Magistrados, oito juízes recém-empossados no Tribunal de Justiça do Estado do Sergipe (TJSE) deixaram-se algemar no local onde os presos adentram o Complexo Penitenciário Antônio Jacinto Filho (Compajaf). A ideia foi do professor deles, juiz Edinaldo César Santos Júnior, que também participou da experiência.
A atividade fez parte da disciplina de Direitos Humanos, ministrada por Santos Júnior, mestre em Direitos Humanos pela USP e juiz com atuação na comarca de Lagarto, no agreste sergipano, a 75 quilômetros da capital. Ele foi o primeiro a ser algemado e perguntou quem gostaria de passar por aquela experiência. Todos aquiesceram.
O objetivo, segundo o professor, que também é membro da Associação Juízes para a Democracia, era o de proporcionar aos novos magistrados a experiência do que é estar privado de liberdade, do que é estar no cárcere.
“Toda a visita foi guiada pelos representantes do DESIPE [Departamento do Sistema Prisional]. Como juízes, é importante saber para onde enviamos os presos, em que circunstâncias estão, para juntos, quiçá, possamos trabalhar, com diálogo, em propostas que beneficiem, ao fim, toda a sociedade”, declarou o juiz à Associação dos Magistrados do Sergipe.
Além da experiência com as algemas, os juízes recém-empossados também conheceram as alas onde ficam os detentos, entraram em celas vazias, passaram pela enfermaria, pela lavanderia e visitaram as centrais de vídeo audiência.
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